Rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro – Um laudo do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) obtido pelo jornal O Globo revela que a prática de ‘rachadinha’ no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) está comprovada.

O MP agora investiga se o filho ‘02’ do ex-presidente foi beneficiado pela prática ilegal. Nesta quarta-feira (03), Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de busca e apreensão em operação da Polícia Federal (PF).

Chefe de gabinete de “Carluxo” desde 2018, Jorge Luiz Fernandes recebeu um total de R$ 2,014 milhões em valores provenientes das contas de outros seis servidores nomeados no gabinete de Carlos Bolsonaro.

O laudo é da equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do MP-RJ, e a movimentação financeira é a prova mais consistente na investigação sobre suspeita de ‘rachadinha’ no gabinete do vereador na Câmara Municipal carioca.

O mesmo levantamento – autorizado pela Justiça fluminense – também demonstrou que Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas de “Carluxo”.

A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada quer saber agora, em pedido de investigações complementares ao Laboratório de Lavagem, se os pagamentos foram eventuais ou regulares.

No caso da segunda possibilidade, ficará provado que Carlos Bolsonaro se beneficiou diretamente do desvio dos salários de seus servidores.

O laudo já produzido é suficiente para imputar o crime de peculato ao chefe de Gabinete.

Segundo O Globo, o documento constatou que, entre 2009 e 2018, Fernandes recebeu créditos dos seguintes funcionários:

• Juciara da Conceição Raimundo (R$ 647 mil, em 219 lançamentos);
• Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos);
• Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos);
• Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos);
• Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos);
• Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).

Curiosamente, Fernandes é casado com uma das depositantes, Regina Célia, e é cunhado de Carlos Alberto Sobral Franco, que foi lotado no gabinete do ex-presidente na época em que exercia mandato de deputado federal.

O investigado é uma espécie de segundo pai do parlamentar, que frequenta a casa do chefe de gabinete, também conhecido como Jorge Sapão.

Fernandes trabalha no gabinete do “zero dois” desde o primeiro mandato, em 2001. O Laboratório de Lavagem investigou 27 pessoas e cinco empresas ligadas a Carlos Bolsonaro.

A investigação sobre a prática de ‘rachadinha’ foi iniciada com base em reportagem publicada pela revista “Época”, em junho de 2019, revelando que sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do ex-presidente e sua madrasta, foram empregados no gabinete de Carlos, mas não compareciam ao trabalho.

Os promotores apuram se os funcionários devolviam parte dos seus salários ou o valor integral para o vereador, a chamada “rachadinha”.

Quatro destes servidores, ouvidos pela “Época” em setembro de 2021, admitiram que não trabalhavam no gabinete no RJ, mesmo tendo sido nomeados e com os salários em dia.

Um dos principais alvos da investigação é Marta Valle — professora de educação infantil e cunhada de Ana Cristina Valle.

Moradora de Juiz de Fora, em Minas Gerais, ela passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete, entre novembro de 2001 e março de 2009. Procurada pela “Época”, disse na ocasião que nunca trabalhou para Carlos Bolsonaro.

“Não fui eu, não. A família de meu marido, que é Valle, que trabalhou”.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil)

Bolsonaro vai ser preso?

Nesta quarta-feira (03), o “BRI Sem Papas” debateu a operação da PF contra Bolsonaro, a apreensão do celular do ex-presidente e as possíveis consequências da investigação.

Além disso, a PL das Fake News e a decisão do BC de manutenção da taxa Selic foram objetos de debate.