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China desafia Reino Unido – Em recente visita do presidente Fernández, da Argentina, a capital da China, os dois países emitiram uma declaração conjunta sobre o aprofundamento das relações de Parceria Estratégica Global. No documento, o governo chinês reiterou seu apoio as reinvindicações pelo pleno exercicio da soberania da Argentina na questão da Ilha das Malvinas, assim como a retomada das negociações para a solução pacifica das disputas, em conformidade com a ONU.
Na posição coerente que mantém em relação ao assunto, a China diz buscar defender a justiça não só com palavras, mas também com ações. Segundo os chineses, ao amparar os países em desenvolvimento na salvaguarda de seus direitos legítimos e, sobretudo, assumir a responsabilidade de fazer frente ao colonialismo e preservar a justiça internacional, essa posição não só honra os princípios da Carta da ONU, como também recebe o amplo endosso da comunidade internacional.
Entretanto, há quem se incomode com a posição chinesa. No Reino Unido, a chefe da diplomacia britânica, Liz Truss, diz, nas redes sociais, que a China “deve respeitar a soberania”, enquanto a Câmara dos Comuns de seu país aprovou, no dia 10, uma moção não vinculativa que busca, entre outros tópicos, fortalecer as relações com Taiwan e ajudar a ilha a conquistar um reconhecimento internacional mais amplo.
A questão das Malvinas é essencialmente um legado histórico do colonialismo. A Argentina, ao declarar sua independência em 1816, herdou da Espanha a soberania sobre essas ilhas, ocupadas à força pelos britânicos em 1833 durante sua expansão colonial na América do Sul. Em resolução aprovada em 1965, a Assembleia Geral da ONU inseriu a questão no contexto da “descolonização” e instou as partes a negociar uma solução para a disputa. Mais recentemente, o governo do Reino Unido rejeitou os repetidos pedidos do Comitê de Descolonização da ONU para voltar à mesa de negociações com a Argentina. Essa atitude tem sido amplamente criticada pela comunidade internacional como insistência na mentalidade colonialista.
Para os chineses, esse show político não é capaz de enganar a comunidade internacional, uma vez que o certo e o errado na questão das Malvinas já estão claros há muito tempo. O governo diz ser inútil, portanto, a tentativa dos políticos britânicos de usar a ilha de Taiwan para pressionar o governo chinês.
A questão das Malvinas ocorre entre dois Estados soberanos e constitui, portanto, uma questão internacional. O apoio que a China dá à Argentina no assunto está em sintonia com o espírito das resoluções relevantes da ONU e reflete o consenso internacional.
Para os chineses, o que o Reino Unido deve fazer é retomar as negociações com a Argentina o quanto antes em busca de uma solução pacífica, ao invés de ignorar as resoluções da ONU, atacar o lado chinês por advogar a justiça, e até mesmo interferir nos assuntos internos da China e aprovar uma moção sobre Taiwan com o intuito de exercer pressão. Os chineses dizem que isso demonstra como certos políticos do Reino Unido “vivem no século 21, mas conservam o pensamento obsoleto da era da expansão colonial” e que o comportamento mesquinho de parte da classe política britânica não passa de um jogo de cena desesperado.
O governo chinês faz questão de ressaltar que a questão de Taiwan é diferente das Malvinas, que é puramente um assunto interno da China. Existe no mundo apenas uma China, da qual Taiwan é parte inseparável. Essa é uma norma reconhecida nos relacionamentos internacionais e a base política para a China estabelecer e desenvolver relações diplomáticas com qualquer país. Ao atar relações diplomáticas em 1972, o governo britânico reconheceu explicitamente que Taiwan é uma província da República Popular da China. Portanto, a moção aprovada pela Câmara dos Comuns desafia o princípio de uma só China, renega o compromisso político assumido pelo governo britânico com a China, e viola o princípio basilar do direito internacional de não interferência em assuntos internos.
Para a China, no nosso século, não há mais espaço para que colonialistas ocidentais possam fazer o que bem entenderem. Se esses políticos britânicos hipócritas realmente quisessem “defender a justiça”, dizem, deveriam simplesmente devolver as Malvinas à Argentina.
“Deveriam, enfim, perceber que o mundo de hoje não vive mais na era colonial e, portanto, recorrer a truques mesquinhos para interferir em outros países não passa de uma prática vergonhosa!”
Foto: Reprodução
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