Share This Article
Desindustrialização no Brasil – O país está “voltando ao passado” em termos de desenvolvimento econômico, tornando-se um produtor cada vez maior – e quase exclusivo – de bens primários, e cada vez menos tecnológico.
É a “reprimarização”, conforme definem os economistas.
Caixa libera 4 bilhões de crédito para pequena e média empresa; veja
O processo que coloca o Brasil na contramão do mundo desenvolvido – que investiu em indústria e tecnologia – acontece há décadas, e avançou desde meados dos anos 2000, aponta reportagem de Thais Carrança na BBC Brasil.
Em 1995, a indústria respondia por 16,8% do PIB do Brasil, enquanto agropecuária e mineração somavam 6,5%.
Em 2021, as commodities (como são chamados produtos primários em geral) superaram o valor gerado pelas manufaturas.
Desindustrialização começou há 40 anos
Conforme explicou o economista Paulo Morceiro, pesquisador na Universidade de Joanesburgo (África do Sul), o processo de desindustrialização no Brasil começou já na década de 1980.
Segundo ele, isso ocorreu pelo abandono de um planejamento econômico de longo prazo com foco na indústria e pela redução dos investimentos público. “Deixamos de priorizar a indústria, essa é a grande verdade”, afirma.
O especialista ressalta ainda que a reprimarização é um “retrocesso” quando se fala em desenvolvimento econômico, tendo em vista que, conforme as economias dos países avançam, cresce também a participação da indústria tanto em seu PIB, quanto em suas exportações.
Por outro lado, países mais pobres têm sua produção e exportação concentradas em produtos primários, como é o caso do Brasil.
Relação desindustrialização x desemprego
Outro problema do processo de reprimarização é como o avanço na produção agrícola e extrativista não resulta em geração de empregos no setor.
Além de serem poucos proporcionalmente na comparação com a indústria, os empregos no setor primário são mais precários e pagam menos.
“A indústria extrativa já quase não gera emprego e a agropecuária vai gerar cada vez menos. Nos Estados Unidos, por exemplo, que é o maior exportador mundial de produtos agrícolas (o Brasil é o segundo), só 1% do emprego está na agricultura. A França tem 3%, Alemanha tem 1%. Então, se tivermos sorte, vamos conseguir reter 5% de empregos na agricultura”, analisa Morceiro.
Perda de relevância
O economista lembra que o Brasil nunca foi destaque nos setores de alta e média-alta tecnologia, mas tinha “alguma relevância no passado”.
Atualmente, apenas 2% das exportações brasileiras são de alta tecnologia. Este número era 12% em 2000.
“O Brasil está entre os dez maiores PIBs do mundo, mas no comércio tecnológico é nanico – já era nanico e ficou menor ainda”, constata o pesquisador.
A matéria completa com mais dados e gráficos sobre a desindustrialização do Brasil pode ser conferida aqui.
(Com informações de BBC Brasil)
(Foto: Reprodução)