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O ministro do Tribunal de Contas de União Augusto Nardes divulgou nesta segunda-feira (21) uma nota sobre um áudio que enviou em grupo de WhatsApp com empresário do agronegócio em que insinua que um golpe militar está próximo de acontecer. Nardes criticou “a interpretação que foi dada sobre um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos”.
Na mensagem que o ministro considera ter sido mal-interpretada, divulgada pela Folha de S.Paulo, ele afirma que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas” e que é “questão de horas, dias, no máximo uma semana, duas, talvez menos do que isso” para um “desenlace bastante forte na nação”.
Nardes diz ainda que conversou com a equipe do presidente Jair Bolsonaro, que logo estará pronto para “enfrentar o que vai acontecer no país”, mas que não podia dar mais detalhes do que estaria em andamento.
“Ele [Bolsonaro] não está bem, está com um ferimento na perna, uma doença de pele bastante significativa, mas tem esperança de poder se recuperar e poder melhorar sua condição física. E certamente terá condições de enfrentar o que vai acontecer no país”.
Para o ministro, há um sentimento que resultará em “um conflito social na nação brasileira”, pois hoje a sociedade é conservadora e “não aceita as mudanças que estão sendo impostas”, afirmou.
De acordo com ele, o atual presidente foi o responsável por reavivar o conservadorismo no país. “Veio o Bolsonaro, que despertou a sociedade conservadora, e hoje todo mundo está nas ruas fazendo a defesa desses princípios. Demoramos, mas felizmente acordamos”, falou aos membros do grupo.
Reações
À coluna da jornalista Andreia Sadi no G1, um ministro do Supremo Tribunal Federal revelou que os integrantes da corte estão “chocados” com as declarações, que incentivam justamente os crimes que a Justiça tem atuado para inibir, como a manifestação golpista em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) contou que vai pedir ao Tribunal de Contas da União a aposentadoria compulsória de Nardes, além de solicitar ao STF a instauração de inquérito para investigar se houve crime contra a ordem democrática.
A presidente do PT, Gleisi Hoffman, cobrou que Nardes explique sua fala publicamente. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) disse que apresentará um requerimento para convocar o ministro para responder aos questionamentos do Congresso Nacional.
“Liberdade de expressão”
Procurado pela coluna de Monica Bergamo, Nardes disse que se tratava de “uma conversa privada” e que não teve a intenção de criar “nenhum tipo de tumulto”, apenas fazer uma análise “dentro da democracia e da liberdade de expressão”.
Em nota à imprensa, ele afirmou que “repudia peremptoriamente manifestações de natureza antidemocrática e golpistas” e que é defensor “da legalidade e das Instituições republicanas”.
Fonte: Folha de S.Paulo e G1