Share This Article
PM matou torcedor do São Paulo – Um laudo da Polícia Civil de São Paulo aponta que um policial militar foi o responsável por dar o tiro de “bean bag” que matou o torcedor são-paulino Rafael dos Santos Tercilio Garcia, de 32 anos, após a final da Copa do Brasil, disputada no estádio do Morumbi.
O caso aconteceu no dia 24 de setembro nas proximidades do estádio, na zona oeste da capital paulista, pouco depois do São Paulo ter conquistado a competição após derrotar o Flamengo. O documento tomou como base as imagens obtidas no local do crime.
ONU condena cerco de Israel, que corta luz e água de 2 milhões de palestinos
“De posse destas imagens prosseguimos com a devida análise, onde não foi possível observar o momento exato em que a vítima Rafael Tercílio fora atingido por qualquer disparo de anti-motim, no entanto, podemos descrever a dinâmica dos eventos e concluir no tocante autoria do crime aqui investigado, individualizando, por sua vez, o atirador”, diz trecho do relatório feito pelo Departamentos de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Conforme a polícia, somente dois PMs portavam espingardas calibre 12 no momento em que Garcia foi atingido. As munições do tipo “bean bag” são uma espécie de saco que encobre diversas esferas de metal.
O laudo afirma que, pelos vídeos analisados, foi possível identificar que uma das armas aparentou problemas no funcionamento.
“Diante das constatações e análise das imagens, em especial a composição dos acontecimentos registrados por ângulos diversos, é possível concluir, com certa clareza, quanto a individualização do agente policial que efetuou o disparo que, em tese, vitimou Rafael Tercílio, pendente quanto a devida qualificação do agente miliciano que deverá ser esclarecido através de informações já solicitadas à Polícia Militar”, acrescenta o documento.
Tiro na cabeça
A Polícia Militar encaminhou uma lista para a Polícia Civil com os nomes de todos os policiais presentes na ocorrência. Conforme a relação, onze deles estavam na função de atirador e portavam espingardas calibre 12.
O laudo aponta que Rafael morreu por “traumatismo crânioencefálico em decorrência de ação vulnerante de agente pérfuro-contundente por disparo de arma de fogo”. Foram retirados fragmentos de projétil de arma de fogo composto por balins em envoltório da cabeça do torcedor. O material foi encaminhado para análise balística.
A “bean bag” (ou saco de feijão, em inglês) é um tipo de munição que foi comprada pela Polícia Militar de São Paulo na intenção de substituir gradualmente as balas de borracha.
O texto que regulamenta o uso do armamento possui diversas advertências para o policial militar. A orientação do fabricante é que o policial que portar a arma deve manter uma distância mínima de 6,1 metros do alvo.
Segundo o texto, devem ser evitados tiros na direção na região de cabeça, pescoço, órgãos genitais, mamas femininas e em mulheres grávidas, crianças, idosos ou pessoas visualmente incapacitadas. O torcedor foi atingido na cabeça pela “bean bag”.
No sábado (30), seis dias após a morte, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o caso seria “completamente investigado”.
“Quando acontece um acidente, ele vai ter acontecido por quebra de protocolo. O protocolo estabelece distância de segurança para utilização de armamento não letal. Então, isso vai ser completamente investigado, para fazer os ajustes em termo de procedimento que tem que ser ajustados”, disse Tarcísio em entrevista à rádio CBN.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)