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Usuário de droga recupera celular roubado – Na última quinta-feira (31), um motorista de aplicativo teve o celular roubado e pediu socorro a policiais militares, mas só conseguiu recuperar o aparelho graças à ajuda de um usuário de drogas da Cracolândia, no centro de São Paulo. A situação foi flagrada pelo site Metrópoles.
Logo após o assalto ocorrido na Avenida Rio Branco, a vítima parou o veículo e recorreu a PMs que estavam de moto na região, informando que sabia quem havia roubado seu celular. Mas um dos policiais recusou ajuda alegando ser “impossível” ir ao local do roubo.
Instantes depois, um usuário de drogas que teria visto o assalto ofereceu ajuda ao motorista de aplicativo. Ele foi até o fluxo da Cracolândia e, em menos de cinco minutos, voltou com o aparelho na mão e devolveu para a vítima. A cena foi flagrada por um repórter do site Metrópoles.
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“IMPOSSÌVEL”
Um motorista teve o celular roubado no centro de SP, pediu socorro a policiais, mas só conseguiu recuperar o aparelho com a ajuda de um usuário de drogas da Cracolândia.
Um dos policiais disse ser “impossível” ir ao local do roubo.
Vídeo: Metrópoles pic.twitter.com/qCUggjynox
— BRI – Brasil Independente 📰🇧🇷 (@obrindependente) September 4, 2023
Ocorrência
O motorista de Uber teve o aparelho tomado por um homem, que correu em direção ao fluxo de usuários de drogas, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua dos Gusmões. A vítima tentou perseguir o ladrão, mas foi impedida de prosseguir por outras pessoas que fumavam crack na calçada da avenida.
O motorista então avistou três policiais militares da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam). “Vamo lá, eu vi quem é, mano. Eles me apavoraram, lá. Eu fui lá”, disse o motorista para os PMs.
Os policiais, então, orientaram o motorista a encostar o carro na calçada. O homem demonstrou esperança de recuperar o telefone. “Eu vou tentar pegar lá meu celular. Roubou no painel”, disse ao desembarcar, enquanto caminhava em direção aos PMs para pedir ajuda.
“Tem como ir até ali? Eu vi quem foi, irmão. É que eles me brecaram ali”, afirmou. Em meio ao som do rádio da corporação, um dos policiais se recusou a avançar. “Ali é impossível a gente ir”, disse.
Na sequência, um dependente químico que havia acabado de sair do fluxo fez sinal, vindo em direção ao motorista, que foi avisado por um comerciante. “Vai lá que eles vão devolver. Vai lá. Vamos lá, que eles devolvem”, afirmou, acompanhando o motorista.
A vítima ainda olhou para trás na esperança de que os PMs fossem com ele até o local. “Vão buscar o celular lá, mano [olhando para os PMs]”, disse. Em seguida, o homem que havia acabado de sair do fluxo tranquilizou o motorista; “Fica aqui, truta. Eu sou boca do lixo, eu gosto de roubar é rico, que tem ouro. Celular para mim não presta. Calma, aí”, afirmou.
O motorista aguardou por alguns instantes, caminhou em direção ao fluxo de usuários de crack e em seguida, retornou com o celular na mão, passando pelos PMs que assistiram a tudo à distância.
“Devolveram meu celular”, disse. “Eu preciso ir embora, irmão, senão vai ‘moiar’ pra mim, aí”, afirmou.
Postura de PM desmente secretário
A situação flagrada pelo repórter do Metrópoles na região central de São Paulo contrasta com afirmações recentes do secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, a respeito da presença da polícia em todo o território paulista, bem como sobre a sensação de segurança nos bairros próximos à Cracolândia.
Derrite publicou um vídeo na última semana no qual afirma que não há lugar no estado onde as polícias não entrem.
“Mas jamais permitiremos que sequer um metro quadrado no Estado de São Paulo seja dominado pelo crime organizado. Não tem um local em que as polícias não entrem no Estado de São Paulo”, disse em cerimônia de formação de militares, que contou a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Derrite foi aplaudido pelos presentes.
Em conversa com a reportagem, policiais que atuam na região da Cracolândia afirmaram que fazer uma incursão em dois ou três para buscar um celular em meio ao fluxo de usuários de drogas, que chega a contar com mais de 700 dependentes químicos reunidos simultaneamente, colocaria em risco não apenas a sua própria integridade física.
Também argumentaram que a ação poderia ser o estopim de uma confusão que se alastraria por todo o centro de São Paulo, com quebra-quebra e violência generalizada, e disseram que a tentativa seria ineficiente, porque o ladrão já teria repassado o aparelho para outra pessoa.
(Com informações de Metrópoles)
(Foto: Reprodução)